REVIEW DA SEMANA – 2ª EDIÇÃO

1 03 2011

Por: Gabriel Gonçalves

Banda: Beady Eye
Álbum: Different Gear, Still Speeding

Clique aqui para baixar o álbum.

As brigas intermináveis dos irmãos Gallagher enfim acabaram custando a vida do Oasis – e causando pânico geral entre os fãs do grupo. Entretanto, seguindo o preceito de que “no final tudo acaba bem”, o caçula da dupla não perdeu tempo e formou uma nova banda, que ganhou o nome de Beady Eye. Aos poucos, Liam foi soltando pistas e algumas canções de sua nova empreitada, cujo debut foi lançado na última segunda, 28 de fevereiro. O IMPRENSA ROCKER agora traz para você as impressões do álbum de estréia do Beady Eye.

Vamos começar do começo: o título, “Different Gear, Still Speeding”, é muito bem sacado, e faz uma relação óbvia com a nova fase da carreira do Gallagher caçula (Nota do Redator: Em português, o título fica “Marcha Diferente, Ainda Acelerando”). Liam quer deixar claro que o lado baladeiro de Noel já não está mais entre nós, e que está pronto para detonar. A capa também é genial, com um layout que lembra os compactos dos Beatles do início dos anos 60 e uma fotografia de uma singela garotinha num lindo vestidinho branco, montada num jacaré como se fosse um cavalo. Um balão sai da boca da garota, onde se lê, “Different Gear”; enquanto outro balão sai da boca do jacaré, que está dizendo, “Still Speeding”.

Mas e as músicas? Bom, nunca fui um grande fã do Oasis – gosto de algumas canções, principalmente dos dois primeiros álbuns -, por isso (e os fãs do Oasis que me perdoem), após escutar este álbum, fiquei felicíssimo pelo Oasis ter se separado. Este disco é Rock n’ Roll, e dos bons. Liam se cercou de ótimos músicos – os também ex-Oasis Gem Archer, Andy Bell e Chris Sharrock na guitarra, baixo e bateria, respectivamente – e chutou o balde, sem medo de mostrar suas influências de Beatles, Stones (o disco inclusive tem uma canção intitulada “Beatles and Stones), Who, além de ser possível identificar uma sonoridade de vocal bem parecida com o da carreira solo de John Lennon, um dos maiores ídolos de Liam.

A bolachinha começa com “Four Letter Word”, com grande linha de bateria, belo trabalho de guitarra e Liam cantando com raiva, muita raiva (no estilo dele, é claro). “Eu não sei o que estou sentindo/Uma palavra de quatro letras realmente captura o significado”, canta ele no refrão. Para bom entendedor, meia palavra basta. Liam está falando de seu sentimento atual com relação ao seu irmão; como “four letter word” em português significa “palavra de quatro letras”, é lógico que a palavra em questão é “fuck”. Ele ainda manda “Nada dura para sempre”, uma referência a uma das 579 baladas que Noel compôs, “Live Forever”, cujo refrão diz “Você e eu viveremos para sempre”. Vale destacar que a produção do disco deixou as músicas sujas propositalmente, dando a sensação que você está escutando a banda ao vivo num pub enfumaçado e sujo de Londres, o que é ótimo – toda boa banda de Rock sempre soa melhor ao vivo.

A seguir vem “Millionaire”, uma espécie de Country Rock com slide guitar fazendo intervenções ao longo de toda a canção, enquanto um violão faz a base. A melodia é maravilhosa, Liam canta como nunca e tenha certeza: você vai sair cantando esta de primeira. A terceira se chama “The Roller”, uma balada orientada para violão e piano. Depois que a bateria entra, a canção ganha velocidade e meio que deixa de ser uma balada – esta é uma das que se parecem com a carreira solo de Lennon. “Você tem se arrastado por um labirinto/Uma névoa de álcool amargo/Tenho te observado por dias/Você tem estado fora de vista”, canta Liam. Será que é mais um recado do caçula direcionado ao seu amado irmão mais velho?

“Beatles and Stones” é um Rock n’ Roll delicioso, com harmonia muito parecida com “My Generation” do The Who, enquanto Liam mais uma vez encarna John Lennon. No refrão ele decreta: “Passarei no teste do tempo/Como os Beatles e os Stones”. Liam não está disposto a ser esquecido no mundo do Rock. “Wind Up Dream” vem a seguir, e por alguns segundos você acha que é “Proud Mary” do Creedence. Entretanto o riff muda e entra um Rock mais contido, com alguma coisa de Stones. As melodias que Liam criou para a voz são irrepreensíveis, e esta não foge à regra. Ainda há tempo para uns solinhos de gaita, que deixam tudo melhor. Mais uma ótima música, entretanto esta é a menos impressionante da bolacha até agora. A sexta faixa é “Bring The Light”, já conhecida pela maioria das pessoas, já que foi a primeira canção da banda a ser disponibilizada para audição. Uma introdução com piano rápido a la Jerry Lee Lewis – que segue a música inteira – sendo acompanhada pela bateria, criando uma espécie de clímax paranóico na música. “Bring The Light” está no mesmo nível da anterior: ótima música, mas não tão espetacular quanto às quatro primeiras.

A próxima faixa é “For Anyone”, um iê iê iê que poderia ter saído muito bem das bandas Beat inglesas do comecinho dos anos 60, como Gerry and The Pacemakers. Levada deliciosa, melodia vocal grudenta, letra otimista, enfim, uma música extremamente feliz. É até surpreendente que Liam, famoso por sua “carranca”, tenha conseguido imprimir um clima tão feliz à sua performance vocal. Esta vai ser uma das preferidas dos amantes dos anos 60, no qual me incluo. “Kill For a Dream” vem em seguida, e nos mostra uma balada de fato. Mais uma vez a linha vocal criada por Liam é excelente. Uma guitarra faz algumas intervenções ao longo da música, mas ela é baseada mesmo nos violões. Com certeza os engravatados da gravadora vão querer fazer desta o próximo single (lembrando que o primeiro single foi “The Roller”).

“Standing on The Edge of The Noise”, como o nome já adianta, traz o barulho de volta, com guitarras sujas – adoro esta distorção que eles usam em todo o disco – e a voz de Liam ultra distorcida (se fosse antigamente, diria que ele cantou num megafone, mas hoje em dia já se pode colocar este efeito digitalmente). A música? Rockão sensacional! Novamente a voz de Liam lembra à de John Lennon de vez em quando, e o trabalho de guitarra é excelente. Esta pode causar alguns acidentes no trânsito. A seguir vem “Wigwam”, a faixa mais longa do álbum, com 6 minutos e 35 segundos. Ela é uma espécie de balada acelerada meio psicodélica, acompanhada por um piano, além de um órgão fazendo o clima bem por trás de todos os outros instrumentos. É uma canção que parece ter sido gravada nas nuvens, com um clima parecido com o da música “#9 Dream” de John Lennon. No meio da faixa, há uma espécie de interlúdio guiado pela bateria, que liga a primeira parte da música com a segunda. Esta faixa talvez seja a mais complexa e psicodélica do álbum, com vários vocais se interpondo.

Entrando na parte final do álbum, vem “Three Ring Circus”, mais um Rock bem legal. Quando o vocal de Liam entra, mais uma vez a imagem de Lennon vem à mente. O riff que guia a música é bem simples, mas muito bom. O refrão traz um pouco da psicodelia da faixa anterior, e o solo de guitarra é bem interessante. “The Beat Goes On”, a penúltima canção do álbum, é uma linda balada Beatle! A melodia do vocal é maravilhosa, e o resto dos instrumentos faz a base para a voz, com uma outra intervenção mais variada. Esta música chega a dar arrepios, se você imaginar por um segundo que ela poderia muito bem ser material de um álbum inédito dos Beatles. Liam, com uma performance vocal emocionante, revela o que há dentro dele: “Em algum lugar do meu coração a batida segue em frente”. Sem dúvidas, “The Beat Goes On” é a música mais bela do álbum. A canção que fecha o deput do Beady Eye é “The Morning Son”, que começa com alguns “sons da natureza”. Em poucos segundos entra o violão, e música segue numa bonita balada com toques de psicodelismo, que caiu como uma luva como a conclusão do álbum. O final perfeito para um matador show de Rock num sábado à noite é uma preguiçosa manhã de domingo, e é isso que Liam e Cia entregam. Após um disco que, como disse anteriormente, parece um show num pub enfumaçado e sujo, “The Mornig Son” é a “preguiçosa manhã de domingo” que fecha o debut do Beady Eye com chave de ouro.

Os fãs do Oasis que me perdoem, mas a melhor coisa que Liam fez na vida foi ter encerrado o Oasis e montado o Beady Eye. Mal posso esperar pelo próximo álbum.


Ações

Information

29 responses

1 03 2011
Helton

Bom vamos lá… concordo com tudo que você disse em número, gênero e grau… esse álbum me surpreendeu, ainda mais eu achando o Oasis tão … boring hahaha Só não concordo quando cita Bring the Light… achei ela extremamente foda… uma pegada animal… pra mim junto com The Roller são as duas melhores do álbum. Com certeza o original virá pra minha coleção. Alguns podem reclamar que o álbum no geral é simples, mas a simplicidade as vezes é a melhor coisa da vida. E realmente o Beady Eye traz esse sentimento de estar sentado num pub tomando umas e dando risada com os amigos… tem coisa melhor que isso??? Senti que o Liam não quer músicas intrincadas com significados e tudo mais… quer é rock n’ roll… So baby c’mon hahaha
O Oasis tinha aquelas músicas de 9 min chatas pra kct sem nada… sem solo, sem nada… só base enchendo linguiça… Já o Beady Eye é diretão e certeiro… vai ser minha pedida no carnaval junto ao TFF pra acelerar o clima do show do Maiden hahaha

Abraz

1 03 2011
Gabriel Gonçalves

Falou e disse, Heltão! Com certeza o original estará na minha estante muito em breve, rs. E eu me sinto bem à vontade para elogiar o disco, porque sempre fui um crítico do Oasis, mas o Beady Eye surpreendeu demais. Rockão simples, na veia. O carnaval vai ser bom, rsrsrs. Abração, meu velho!

1 03 2011
Marcos Gonçalves

Acabei de ouvir o disco pela primeira vez. Concordo com você em parte, pois acerdito que o som nos remeta muito ao OASIS. Lembremos que banda dos irmãos Gallagher atravessou diversas fases. O início foi muito bom, com rocks típicos no estilo Beady Eye mesclados com baladas muito bem elaboradas e outras grandes sacadas do Noel. Depois a banda foi se desgastando e entrou num ciclo que, acredito eu, corresponda às criticas aqui postadas. Nesse ponto, portanto, até que involuntariamente, concluirei de forma oposta à sua interpretação: o Liam conseguiu retornar aos bons tempos do OASIS, mas faltou aquele toque de genialidade que o Noel imprimia esporadicamente. Deixando o OASIS de lado agora, posso afirmar que gostei do Beady Eye, após uma primeira escutada. O início é muito promissor, principalmente em “The Roller”: rapaz, eu me arrepiei todo com com o Lennon encarnado no Liam. Em meio a outras músicas legais e algumas razoáveis, tive a impressão de que o álbum ficou meio repetitivo, algo que precisa se confirmar em outras escutadas. O veredicto, porém, é de que o Beady Eye fez um trabalho muito bom, um classic rock meio Lennon meio OASIS, melhor que os últimos disco dessa última. E a capa é mesmo sensacional!

1 03 2011
Gabriel Gonçalves

Fala, Marquêra! O álbum é realmente muito bom. Quanto ao Oasis, foi aquilo que falei no texto: gosto de poucas músicas, e estas músicas são dos dois primeiros álbuns, rs. Quanto à genialidade de Noel, aí já não concordo, mas vamos esperar o disco solo do cara para opinrar, rs. Pra mim, este disco do Beady Eye é material para figurar entre os melhores do ano. Abração, meu velho!

1 03 2011
Helton

Também não vejo onde o Noel ser genial… também não posso opinar muito sobre Oasis… mas o Beady Eye me cativou, diferentemente do Oasis então…

Abraz

Obs.: Não estou falando que o Liam é genial e o Beady Eye é a última bolacha no pacote do rock n roll… mas é um álbum que me agrada cada vez que escuto.

1 03 2011
Roberto A

hey hey, my my…

1 03 2011
Marcos Gonçalves

Por isso que me referi a uma genialidade esporádica, rsrsrs, pois o Noel nunca foi gênio em tempo integral. Muito de vez em quando batia uma inspiração genial no cara. Mas tomara que ele tente superar o irmão, e fique aquela coisa tipo Brian Wilson x Beatles, guardadas as devidas proporções, eheeh. Vamos aguardar. Abração mo fio.

1 03 2011
Gabriel Gonçalves

rs… Pô, Marquêra, é de uma competição desta, de alto nível, que estamos precisando na música atual. Confesso que simpatizo muito mais com Liam (mais Rock n’ Roll) do que com Noel (mais baladeiro), mas torço bastante pra que ele venha com um disco solo matador que inspire o irmão a se superar e assim por diante. Liam movimentou a primeira peça do jogo; veremos como será o contra ataque. Abração, meu velho!

1 03 2011
Roberto A

Pois é Marquêra, o dia que pintar outra “Don’t Look Back In Anger”, ou “Wonderwall”, ou “Live Forever”, ou “Supersonic”, ou “Stand By Me”..a gente conversa, ok?

ABRAX

1 03 2011
Gabriel Gonçalves

Mais aí é que tá, Robertão, por mim nunca mais pintam outras músicas como estas. Prefiro qualquer uma do Beady Eye do que estas que você citou. Do Oasis, eu curto “Roll With It”, “Cigarettes and Alcohol”, etc – músicas com uma pegada mais Rock n’ Roll. Estas baladas do Noel nunca foram grande coisa na minha visão. E outra, o cara não precisa repetir um sucesso para fazer outras músicas boas. Os Beatles só fizeram um “Sgt. Peppers” e ainda assim lançaram clássico atrás de clássico. Abração, cara!

1 03 2011
Roberto A

Respeito sua opinião Gabriêra, ainda que minimalista.
Essas músicas que citei já entraram na história por mérito próprio, se as do Beady vão entrar, veremos mais pra frente, nada tenho nem contra o Liam, nem contra o Noel, mas como compositor não tem como comparar…

1 03 2011
Gabriel Gonçalves

Fala, Robertão! Pô bicho, não acho que estas músicas entraram para história, não. Talvez para a história dos fãs do Oasis. Música que entrou para a história foi “Sweet Child O’ Mine”, “Smells Like Teen Spirit”, Stairway to Heaven” e etc que, mesmo quem nem conhece a banda, conhece as músicas. E volto a dizer, apear de todas as composições do Beady serem em parceria: prefiro as composições do Liam. O Noel, em minha opinião, é muito chorão, rs.

1 03 2011
Roberto A

Você tem algo pessoal nisso ae Gabriêra, você pode não achar, mas muita gente acha, mas como eu disse e repito, eu respeito as discorâncias de opiniões, sejam quais forem.

ABRAX

1 03 2011
Helton

Robertão, não tenho nada contra o Oasis e já tentei escutar muitas vezes… mas acho chato mesmo hahahah

Abraz

1 03 2011
Marcos

Robertão tocou na questão chave ao citar aquelas músicas. Se não são tão históricas quanto aquelas citadas por Gabeira, acredito que tenham marcado época de alguma forma. E ainda tem uns rockzinho muito bons, tipo “She’s Eletric”, que eu incluiria nessa lista. Live Forever é outra muito bem lembrada, que não é balada. Enfim, tomara mesmo que o Noel consiga superar o irmão, Gabêra. Vamos ficar de olho na disputa, eheeh. Abração.

1 03 2011
Gabriel Gonçalves

De olho no lance, rs… Abração, Marquêra!

1 03 2011
Marcos

Opa, e como fui me esquecer de “Some Might Say”? Tá louco! Musicaço, com aquela introdução inesquecível.

1 03 2011
Gabriel Gonçalves

É verdade, Marquêra! “Some Might Say” é uma das que eu curto do Oasis. Abração, meu velho!

1 03 2011
Cavalcanti

Se informe melhor, Liam fez apenas 5 das 13 musicas, sendo que só a última há uma mensagem para o Noel.
O resto, inclusive four letter word foram os outros integrantes.
The Roller foi o Gem que fez a LETRA e a musica, e é amigo do Noel, o que torna impossível o trecho citado ser direcionada para ele.

1 03 2011
Gabriel Gonçalves

Fala, Cavalcanti! Acho que é você quem está equivocado, meu velho. Inclusive este lance de “Four Letter Word” já havia sido citado pela revista “Spin”, que não é nenhuma novata na imprensa musical (http://goo.gl/KWlHQ). E de acordo com o “All Music Guide”, que é a fonte mais confiável sobre música no mundo (fora os sites oficiais, é claro), os créditos de todas as músicas são dos três: Gallagher, Archer e Bell (http://www.allmusic.com/album/different-gear-still-speeding-deluxe-edition-cd-dvd-r2135520). Abraço, cara!

2 03 2011
Roberto A

hey, hey, my, my…

2 03 2011
Ricardo Seelig

Achei o disco muito bom.

Aqui tem o meu review sobre ele:
http://collectorsroom.blogspot.com/2011/02/beady-eye-different-gear-stil-speeding.html

Abraço.

2 03 2011
Gabriel Gonçalves

Fala, Seelig! Tinha lido seu review no Whiplash e curti pra caramba. Bom, deu pra ver que eu achei o álbum dos caras muito bom também. Se este nívem for mantido, ou até elevado, testemunharemos o nascimento de um gigante, rs. Abração, cara!

3 03 2011
Marcos

Resenha de um site portuga abaixo:

Beady Eye: Different Gear… Still Speeding [leia aqui a crítica da BLITZ 57]

Sem rodeios: Beady Eye é Oasis chapado, mas sem Noel Gallagher. Há prós e contras.

A saída de Noel Gallagher dos Oasis (ou seja, o fim dos Oasis) parece aquele divórcio tardio que já ninguém está à espera e que, valha a verdade, mais parece capricho de prima-dona do que outra coisa. Como as comadres que se zangam por causa de um raminho de coentros mas afinal foi por causa de um molho de couves; como os amigos septuagenários que, depois de aturarem décadas de batota mútua na sueca, teimam que há uma carta marcada e já não há jogo para ninguém nunca mais. Depois de tanta cabeçada seguida de juras de amor eterno, já ninguém acreditava que Noel batesse com a porta.

Mas assim foi – até um dia destes – e, no ínterim, o irmão Liam manteve as tropas alinhadas, mudou a alcunha ao regimento, e pôs os tanques a caminho.

Different Gear… Still Speeding não poderia ser outra coisa que não um álbum dos Oasis sem Noel. A restante “máquina” é a mesma desde 2000 e não desaproveitou o balanço revigorante de Dig Out Your Soul , o último (e subitamente excitante) disco dos Oasis. Há, por isso, rock movido pelo rugir controlado de guitarras, a oscilação habitual entre o pulsar da british invasion e do psicadelismo (err… britpop?), um certo classicismo rock’n’roll herdado dos anos a solo de John Lennon (e não é que “The Roller” parece um ensaio em torno de “Instant Karma”?), a balada melosa da ordem (“Kill For a Dream”; Noel também as fazia). E, sobretudo, a imagem de marca dos Oasis – canções rock semi-aceleradas para breves epifanias: “Four Letter Word” podia estar lado a lado com “Headshrinker” em The Masterplan ; “Beatles and Stones”, gingona, vagueia entre o garage rock e o blues (e não é muito Beatles nem Stones…); uma formulaica “The Beat Goes On” que aspira a muito mais do que poderá dar (sub-sub-Beatles, sub- ELO…); “Millionaire”, simples, trauteável, leve brisa do oeste (americano).

O que os Beady Eye – ou os Oasis, se ainda existissem – não podem restituir é a candura de Definitely Maybe ou Morning Glory . Não se lhes é pedido e não deverá acontecer. Mas se viesse, vinha por bem.

3/5

Luís Guerra

Crítica publicada na BLITZ de março, já nas bancas

3 03 2011
Gabriel Gonçalves

É… Concordo em partes com ele. É lógico que um grande toque de Oasis iria ter, já que são 4/5 da banda, mas eu acho que o Beady conseguiu mostrar, num primeiro disco (coisa rara), uma identidade própria em meios às suas influências e experiências evidentes, trazendo o frescor e o clima Rock n’ Roll dos dois primeiros álbuns do Oasis de volta – coisa que havia se perdido em meio às 5.597 baladas de Noel. Abração, Marquêra!

5 03 2011
Marcos Gonçalves

Tá pegando no pé do Noel, Gabera. Os discos do Oasis tinham tantas baladas como os discos dos Beatles, ou como outros de 9370 bandas de rock que gostam de colocar umas duas baladinhas no meio dos rockão. O início da banda foi matador, mas depois os trabalhos foram ficando chatos, por falta de inspiração, brigas, fama, falta de motivação, etc. Não lembro de ter tido excesso de baladas. Já o Beady Eye fez um trabalho realmente muito bom. Melhor até do que eu esperava. Concordo até com o maluco do Liam: o disco do Beady Eye é melhor que o primeiro disco do OASIS, o Definitely Maybe. Os fãs podem até me jogar pedra, mas estou aqui tratando apenas do meu gosto. Agora, o Whats The Story é do caraaaaaaaaalho!! Um dos melhores discos de rock da história, para mim. Tem uma balada que adoro, duas baladas meieiras e uns 5 ou 6 rock n’roll de primeira, com o dedo do Noel nas melhores faixas. Enfim, Noel destruiu no início e depois perdeu a inspiração. O Liam também: só pensava na grife dele e em desfile de moda. Agora ele tá empolgado com o rock novamente, o que para mim é fantástico. É bom dar uma arejada e mudar de rumos para recuperar o tesão. Abraços.

5 03 2011
Gabriel Gonçalves

Fala, Marquêra! rsrsrsrs… Meu problema não é com baladas, mas os tipos de baladas, saca? Uma coisa é você ter “The Long and Wind Road” – se fizessem um disco com 20 baladas desta, eu iria adorar – mas não consigo engolir todas as baladas do Oasis. Como disse, os que mais gosto são os dois primeiros álbuns; depois a qualidade caiu bastante. Abração, meu velho!

10 03 2011
Marcos

Depois de várias outras escutadas o disco subiu mais no meu conceito. Tem um material de primeira lá. Muistas faixas acima da média e umas poucas apenas razoáveis. Eu daria um 8,5 para disco no momento. Vou comprar assim que sair por aqui.

10 03 2011
Gabriel Gonçalves

Fala, Marquêra! Somos dois, meu velho. Assim que a bolacha for lançada aqui, imediatamente estará na minha coleção, rs. Ah, veja o videoclipe de “The Roller” que é bem legal. Abração, meu velho!

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